Primeiro, as coisas mais importantes
Como eu já contei, a primeira “metade” de minha vida foi bastante comum. Uma educação formal e um emprego das 9h às 17h (mais para 20h às vezes). Minhas paixões sempre foram livros, filmes e viagens. O trabalho chato era apenas para pagar as contas e permitir que eu seguisse minhas paixões.
Estou contando minha história, mas não estou interessada em uma biografia ou em entrar em detalhes, pelo menos não por enquanto. Estou contando apenas as partes que acho que valem a pena registrar e que levaram à minha vida atual de imigrante/nômade digital.
Perdi o emprego chato quando tinha 42 anos. Não foi muito fácil encontrar outro emprego chato, então minha ideia foi tentar algo novo. Eu já era bilíngue, meu primeiro emprego, aos 17 anos, foi como professora de inglês e eu já havia feito trabalho voluntário como tradutora, além de traduzir documentos e manuais de negócios como parte do meu emprego, então só me faltava o certificado “formal” e estudei para me tornar oficialmente uma tradutora. Posso falar sobre como comecei na área em um tópico separado, para os interessados na profissão de tradutor. Aqui, ela é relevante apenas como o meio que me levou a uma vida de nômade digital e viabilizou a minha imigração.
Por alguns anos, fiquei onde estava. Já trabalhando apenas on-line, sem escritório físico ou chefe a quem responder, mas ainda na mesma casa em São Paulo, mesmo que mais livre para visitar amigos e familiares. Na época, minha mãe morava no litoral de São Paulo, então esse foi meu primeiro deslocamento. Eu passei algum tempo com ela, curtindo a praia e a vida ao ar livre.
Também usei minha agenda adaptável para visitar amigos que moravam no exterior e para passar um tempo com meu irmão que morava nos EUA e com ele vivi uma road trip cruzando os EUA de costa a costa e ao mesmo tempo trabalhando, sem precisar de férias, apenas de uma conexão Internet. Isso em 2012, quando nada disso era comum.
Essa liberdade de movimento e algumas experiências trabalhando enquanto viajava despertaram a ideia de ser nômade digital em tempo integral, então comecei a aproveitar todas as oportunidades que tive para viajar mais, alugando meu apartamento em São Paulo por temporada e essa mobilidade trouxe de volta a vontade de fazer a mudança com a qual sempre sonhei: ser italiana e me mudar para a Itália.
Sobre “ser italiana”, esse é um tópico totalmente diferente, e falarei sobre isso porque nem todos entendem como funciona. Se você continuar lendo e acompanhando, esse será meu próximo tema.